Poemas


POEMA ECOLÓGICO
 
À Geração da Palavra Proibida
 
Fartem-se, senhores,
neste banquete de misérias
aproveitem até as migalhas;
nós não precisamos de nada disso
temos de sobra idéias.
 
Aproveitem, senhores,
levem tudo e não deixem restos,
podem arruinar nossos sonhos,
nós ainda temos sonhos,
e os senhores?
 
Bolsos cheios de cédulas vazias
e cara de hipocrisia,
nós estamos livres para voar,
e os senhores?
Têm os pés acorrentados aos cofres.
 
Nossa bagagem é leve
carregamos dentro do cérebro
a dos senhores pesa toneladas e toneladas
de terra, objetos e detritos;
os senhores carregam a destruição
do planeta nas costas,
 
e nós somos muitos caminhando
na ponta dos pés sobre o planeta;
tomem conta, senhores, dos seus pacotes,
eles controlam tudo: a informação e a corrupção;
nós não fazemos acordos
somos de algum modo contra tudo isso.
 
Por isto, senhores,
fartem-se roendo até aos ossos,
esgotem a última gota do nosso suor,
depois calem-se, mas calem-se para sempre,
nós temos muito que fazer,
temos coragem.


Nazareth Bizutti – 1986
1º Lugar do Concurso “Crônicas e Poesia”
Associação Sul Mineira de Imprensa – 1991

Antes Arte do que Tarde
 
 
Sobre a face
superfície
o esboço rápido
da silhueta que transluze…
 
Meio registro efêmero
de um tempo que transgride a virtude
meio lapso
colapso
que faz da memória
mídia história
em cada passo
entre aço
estilhaço
 
no brusco corte afiado
que lança no espaço
a sombra de cada imagem
miragem
e perda de integridade
 
Sobre a face
superfície
apenas o traço
o mito semântico
recolhido em cada parte
o nó no fio que tece
o verbo tecido
texturizado

Nazareth Bizutti

 
 

“Slogan”
 
Fragmento
Frágil mente
Intercalado
Fecha a passagem
 
Fragma
Dia’fragma
Flamejante
Inter – colado
Devassa a mente
Diáfana
 
E de repente
Um oco

Um caco
Um naco
Um arco
Flecha fumegante
O ventre
E verte o sentido
Repetido e de’mente

Nazareth Bizutti

Fragmentos
 
 
I
 
Telhados
neles antenas
nelas fios
neles acesas as telas
tomadas de imagens
e nos telhados
os gatos
 
 
II
 
Há certos dias que sinto
uma vontade de não ter vontade
de nada
 
de apagar a paisagem
borrada da tinta do olhar
e vagar
 
recolher as últimas palavras
e deixá-las até envelhecer
de uma só vez
 
suportar os ruídos
vindos do fundo da alma
e amanhecer
 
 
III
 
Inventei uma borboleta
enquanto punha asas
esvoacei e me fiz flor
para desbotar em aquarela
diluída na paisagem
de uma janela entreaberta
 
Nazareth Bizutti

 
Meus livros publicados

https://clubedeautores.com.br/livro/geracao-da-palavra-proibida

https://clubedeautores.com.br/livro/poemas-em-contra-e-dicao-2
https://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=27477&categoria=7&lista=lidos

https://www.luso-poemas.net/modules/news/pages.php?uid=19477
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