Do Planalto Central do Brasil, decretamos criado o Movimento Arara’Kanga.

O Movimento Arara’Kanga

Manifesta-se libertário…

Transpõe os atuais limites da informação, da comunicação, do conhecimento, da arte, da poesia, da ciência, das lógicas e suas logias e de todos os limites inventados para fragmentar o saber e dominar as mentes;

Transcende espaço-tempo…

Recria um universo de idéias livre do padrão conceitual estabelecido e das alfabetizações funcionais, em nome de uma nova ordem, que tece palavras, olhares e pensares, cores e símbolos, sínteses e essências nas quais o sagrado revela-se infundindo uma trans-consciência em todas as redes e possibilidades;

Liberta-se das formas deformadas pelos conceitos e preconceitos assimilados sem reflexão…

Tange a’corda pela re’volução do voltar à ação repleta do ser na cor’agem do coração inteligente, para educativar sem tornar cativo, mas liberto o ser no ativo conhecer;

Abomina correntes de pensamento da moda, medidas e modelos, metodologias e práticas que não refletem idéias e diálogos, concepções e criações, a partir da meditação, intuição e contemplação do mundo, construídas pela interação da consciência de cada indivíduo;

Denuncia o exercício de autoridade “autoria das idéias” que transgride o respeito à diversidade cultural e impõe éticas e estéticas do “cidadão consumidor”, automatizado construído para servir ao sistema;

Despreza os postulados e idéias aleatórias, alienadas e impostas pelo ranço acadêmico que vigora e fortifica um unipensar incoerente, que desrespeita a complexidade natural do ser humano e obstrui o sentido de liberdade e compreensão, solidariedade e amor, constituindo-se excludente;

Repudia o estabelecimento de instrumentos e instituições responsáveis pela manutenção do sistema de’formação humana, que funcionam como um labirinto onde o minotauro opressor aprimora o desgosto e a fuga dos estudantes cansados de ouvir as mesmas mesmices de sempre, como verdades estabelecidas, consumidas e consumadas, corroídas e calcinadas;

Questiona falsos “pensadores”, amebas proliferadoras da miséria cultural, miséria do saber e conseqüente falta de progresso e evolução para todos e que se arvoram em “professores megeras”, canibais magihistéricos devoradores de cérebros e meros figurantes de um cenário decadente norteado pela incompetência;

Observa e questiona a “burrítzia acadêmica” dos doutores especialistas que se aproveitam de recursos públicos para atribuir status de tese a meros amontoados de citações livrescas repetidas inúmeras vezes;

Defende a desobstrução do saber para que não apodreça em prateleiras de bibliotecas, comidas por traças, ou na palavra calada e proibida que morre na boca dos poetas, enquanto surgem gerações incultas e envoltas pela ilusão do consumo desenfreado, da competição embrutecedora e emburrecedora e de uma mídia mal intencionada;

Desqualifica qualquer tendência ao globalismo imbecilizante e firma-se na concepção de que o ser humano em sua dimensão universal tem na paisagem materna a fonte de suas inspirações e criações mais originais, puras e universais;

Critica a opressão intencional de uma cultura economicista que bajula e aplaude a internacionalidade dominadora de quem USA e sempre ab’USA;

Propõe retomar a cultura brasileira, como cultura mestiça e com raízes no seio de suas mães índias, negras, européias, orientais e quantas mães forem possíveis na terra do “Matriarcado de Pindorama”, para dar validade às idéias, ao pensamento, à poesia, à arte gestados e nascidos do (no) útero (âmbito) do seu território.

O saber reluz edificado enquanto compartilhado por todos.

Contra as certezas cartesianas obscurantistas que descartam possibilidades e negam a coerência do conhecimento amplo e em permanente transformação.

Contra a razão petrificada que se atira por catapultas para exterminar a criatividade e o livre – pensar.

Pela liberdade do pensamento e da Arte na expressão absoluta da verdade entre o arco-íris do imaginário e a mais concreta realidade.

Pela Ética que propõe desde a compreensão e o respeito por todas as criaturas, até o zelo e a defesa de suas vidas.

Pela Conspiração Poética de uma Revolução Naturo-Ético-Cultural a favor de tudo aquilo que realiza felicidade.

São signatários do Movimento Arara’Kanga pensadores, artistas, poetas, filósofos, cientistas, pesquisadores, dinamizadores cognitivos, estudantes, autodidatas, todos os Diógenes abandonados em todos os tempos e pessoas que se identificam com estas idéias.

2004/2007

Nazareth Bizutti


 

 

“UNIDOS, UNÍSSONOS E UNIFICADOS”

Convocamos:

Guerreiros e Profetas
Lavradores e Poetas
Cientistas e Operários
Jovens, crianças e adultos
Todos convocados
em nome do Amor, da Paz
e da Inteligência
Convocados estão os “Jardineiros da Terra”
para a Grande Tarefa da Reconstrução…

Aqui, da Região do Roncador
que tem em sua tradição
a união dos povos do Brasil
do litoral ao sertão
de Norte a Sul
de Leste a Oeste
no coração da Terra

Por uma Alvorada de Luz
Dourada-Púrpura-Anil
Brilhando nas cinco estrelas
representadas na bandeira nacional
pela constelação do Cruzeiro do Sul
estão todos convocados…

Todos… para a grande mudança…
Mudança de valores
pelas cores da nossa terra
das nossas matas, da nossa gente
plantamos esta semente
semente de amor e de esperança
pela raça varonil do Brasil…
Terra de Luz, poesia e paz
onde a vida floresce a todo custo
custe o que custar todo dia
é capaz de mudar

Primeiro a cabeça, os sentimentos
Sentir a mente florir
Sentir-se pássaro e água
raiz de árvore, bicho do mato
sentir-se de fato um ser natural
pronto a arar a lavra
pá lavra, verso e luz
cultura de conhecimentos e lavoura
no cérebro e no chão…
com a mão e o coração…
Reluz Idéia-semente
Síntese natura-cultura
Dança livre de gestos líricos
Chuva cristalina lavando alma e mente
Plenitude viva no coração

POLINIZAÇÃO MENTAL

Para que cada um possa ser
Receptáculo-Mater
de uma realização maior
mais lúcida, vibrante e sólida
Unificada pela Inspiração
aspiração do perfume que vem
do santuário do nosso interior
e abre os portais de uma nova
concepção de vida, ação, amor…

Pelo fim de todas as armas     
de destruição
pela união de todos os povos
de todas as nações
numa única Nação, que é o Planeta Terra

Por uma Humanidade consciente
de si e das suas ações
pela beleza e felicidade geral pela harmonia
do ser humano para consigo mesmo
do ser humano para com o ser humano
e do ser humano para com a natureza…

Convocados estão
Guerreiros e Profetas
Lavradores e Poetas
Cientistas e Operários
Todos indistintamente
para que esta semente
de Paz e Fraternidade
floresça no coração da terra…
Aqui, da Região do Roncador
lançado está este alerta

Pelo amor, pela cor…
pela soma das mãos,
pelo som secular
pelos sonhos em flor…

Somos… somamos
e assim convocamos toda a geração
para a Grande Revolução
Iluminada pela Luz de um Sol Maior
Que emana do Coração da Terra, plasmando
a Consciência Universal para toda a Humanidade…

Nazareth Bizutti – 1990

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